quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Waimiri-Atroari e o Regime no Brasil

Entre 1972 e 1975, no Estado do Amazonas, dois mil indígenas da etnia waimiri-atroari sumiram sem vestígios. Um número infinitamente superior aos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, no Pará. Esta população cuja história permanece obscura ainda povoa a memória dos sobreviventes waimiri-atroari (ou Kiña, como se autodenominam). “O massacre aconteceu por etapas e envolveu diferentes órgãos do regime militar”, diz o indigenista e ex-missionário Egydio Schwade, 76, um dos principais agentes da mobilização que tenta tornar público este episódio e provocar a inclusão dos waimiri-atroari nas investigações da Comissão Nacional da Verdade, criada em novembro de 2011 pela Presidência da República. Desde o início de 2011, Schwade passou a divulgar uma série de artigos em seu blog sobre os episódios que envolveram a violenta ocupação das terras dos waimiri-atroari. Panfleto O recrudescimento contra os waimiri-atroari nunca foi negado pelo regime militar. Registros sobre os métodos dos militares para dissuadir (ou pacificar, como foi batizada a estratégia de convencimento) os indígenas a aceitar a construção da estrada estão em vários documentos e podem ser encontrados em declarações dadas a jornais na época tanto por militares quanto por funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai). Panfleto denominado “Operação Atroaris” que circulava na época, chegou a qualificá-los de “guerrilheiros”. Um trecho do panfleto, escrito em versos, dizia: “Estais cercado, teus momentos estão contados; vê na operação esboçada que o teu fim está próximo”. Alfabetização Egydio Schwade teve acesso às informações sobre o desaparecimento dos waimiri-atroari à medida que se tornava mais próximo e ganhava a confiança dos indígenas no período em que viveu com sua família na aldeia Yawará, onde chegou em 1985 e iniciou o processo de alfabetização em Kiñayara, língua da etnia. O indigenista, que reside no município de Presidente Figueiredo e sobrevive como apicultor, conta que, após dois anos vivendo entre os waimiri-atroari, foi expulso pela Funai. Ele acredita que isto ocorreu justamente porque os indígenas começaram a revelar os acontecimentos da época da construção da rodovia. Para ele, a Funai, tanto na época quanto atualmente, foi omissa e até mesmo contribuiu com a opressão e a violência contra os indígenas. Silêncio “Queremos que as populações indígenas não sejam esquecidas pela Comissão da Verdade. Os waimiri-atroari, assim como os Parakanã, no Pará, e os Suruí e os Cinta Larga, em Rondônia, foram perseguidos pelo regime militar, que tinha como estratégia ocupar suas terras. Os índios resistiram e foram mortos. Que seja neutralizado o silêncio que domina estes casos”, alerta Egydio Schwade. Ele diz que o que o incomoda é o silêncio da Funai em relação a este assunto, atualmente escondido por detrás das ações mitigadoras que foram implementadas nos anos 80, com a criação do Programa Waimiri-Atroari, uma parceria com a Eletronorte, como forma de compensar os impactos ambientais e sociais causados pela construção da Hidrelétrica de Balbina. A usina alagou grande parte do território dos waimiri-atroari. Funai O Coordenador do Programa Waimiri-Atroari, José Porfírio Carvalho, que é citado nos artigos de Egydio Schwade e acusado de participação, como indigenista, nas ações contra os waimiri-atroari, foi procurado por email (que consta no site do Programa Waimiri-Atroari) três dias antes do fechamento desta matéria, mas não retornou o contato. No telefone da sede do programa, 3632-1007, ninguém atendeu. A assessoria de imprensa da Funai também foi procurada e enviou a seguinte resposta: “A Funai está acompanhando as discussões sobre o assunto e vai trabalhar pela defesa dos direitos dos povos indígenas também nesse caso”. O decreto que criou a Comissão Nacional da Verdade é de dezembro de 2011. A assessoria de imprensa da Casa Civil da PR disse ao jornal que “quando a comissão começar a investigar, serão analisados todos os casos de desaparecidos, independente da etnia”. Neste mês, a Câmara dos Deputados criou uma Comissão da Verdade paralela, como resposta à demora da Presidência da República em demorar em instalar a Comissão Nacional da Verdade. Pacificação O projeto de construção da BR-174 (Manaus-Boa Vista), que era defendido pelo governador do Amazonas, Danilo Areosa, começou em 1968. A obra passaria por dentro do território dos indígenas, que não foram consultados e se opuseram ao empreendimento. Paralelamente, foram iniciadas medidas de “pacificação” dos indígenas, envolvendo padres (o mais conhecido foi o P. Calleri, morto pelos índios) e indigenistas da Funai. A estratégia envolvia tentativas de diálogos, mas foi a presença de soldados e funcionários da Funai e o uso de armas (metralhadoras, revólveres, dinamite e até gás letal) os principais meios de “convencimento” dos indígenas. Estimativa de população de waimiri-atroari feita pelo P. Calleri era de 3 mil pessoas no final dos anos 60. Nos anos seguintes, este número baixou para mil pessoas, sem que um registro de morte fosse feito, segundo Schwade. A partir de 1974 as estatísticas da Funai começaram a referir números entre 600 e mil pessoas e, em 1981, restavam apenas 354, conforme pesquisa feita por Egydio. Pelo menos uma das várias aldeias desaparecidas foi bombardeada por gás letal. Um sobrevivente waimiri-atroari que foi aluno de Egydio se recordou “do barulho do avião passando por cima da aldeia e do pó que caia”. Nos anos 80, após a repercussão internacional das mobilizações contra os impactos causados pela Hidrelétrica de Balbina, o Banco Mundial condicionou o financiamento da obra, que alagou terras dos waimiri-atroari, à criação de um programa de mitigação da sua população. O programa começou a ser implementado em 1988, com duração de 25 anos sob a gestão da Eletronorte. O prazo expira em 2013. Após o programa, a população de waimiri-atroari voltou a crescer. O acesso aos waimiri-atroari é difícil. A reportagem tenta desde o ano passado ir ao local, mas a resposta recorrente da coordenação do Programa é que os indígenas “estão em festa ou caçando”. Desaparecido O único amazonense integrante da lista oficial de desaparecidos durante a ditadura é o Thomaz Meirelles, nascido em Parintins em 1937. Militante de esquerda, a última notícia que se soube de Meirelles data de 1974. A reportagem entrou em contato com a viúva de Meirelles, a jornalista Miriam Malina, que vive atualmente no Rio de Janeiro, mas ela não quis dar declarações sobre o assunto nem sobre a Comissão da Verdade. Miriam afirmou que “enquanto não souber a composição da Comissão” prefere não se manifestar. Amigo e companheiro na época do Centro Popular de Cultural, Euclides Coelho de Souza, 76, defende a urgência em dar visibilidade ao desaparecimento de Meirelles, sobretudo entre os mais jovens. “Ele foi um importante líder do movimento estudantil nos anos 60. Foi para a luta e o mataram. Os estudantes do Amazonas precisam conhecer sua história. Pressionar o poder público. Este assunto não pode ficar em brancas nuvens”, disse Souza, por telefone, do Paraná, onde mora. Thomaz Meirelles morou em Manaus desde 1950, mas no final daquela década se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a se envolver com movimento estudantil. Fez parte da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). Em 1963 ganhou uma bolsa para uma faculdade em Moscou, onde conheceu sua esposa. Quando retornou, seu envolvimento com o movimento se intensificou. A perseguição política ficou mais dura e Meirelles passou a viver na clandestinidade. Há informações de que foi torturado e então desapareceu. Seu corpo nunca foi encontrado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Violência Contra Índios não diminui aponta Igreja Católica

Embora a quantidade de mortes tenha ficado abaixo inclusive da média anual (55,8) calculada para o período entre os anos de 2003 e 2011, quando, ao todo, foram mortos 503 índios; a organização indigenista ligada à Igreja Católica destaca que o resultado não significa uma melhora no quadro geral da violência contra os povos indígenas. De acordo com o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, divulgado pelo Cimi, houve uma piora em vários outros aspectos, por exemplo, nas tentativas de assassinatos e no número de suicídios e de índios que morreram por falta de assistência à saúde. Para o Cimi, os 30 casos de tentativa de assassinato contra 94 vítimas representam um “aumento assustador” se comparados às 18 ocorrências registradas em 2010. Entre os casos verificados no ano passado, 27 ocorreram em Mato Grosso do Sul, deixando um saldo de 85 vítimas. Pessoas que quase foram mortas em emboscadas ou ataques armados, como o ocorrido em junho de 2011 contra um ônibus escolar que transportava estudantes terena da Terra Indígena Cachoerinha, de Miranda (MS). De acordo com o Cimi, o veículo foi cercado e apedrejado. Em seguida, o ônibus foi incendiado. Ao menos quatro crianças sofreram queimaduras e uma delas teve que ser internada. Suicídios O Cimi também faz um alerta sobre os crescentes casos de suicídio. No total, o relatório identifica 26 casos de índios que tiraram a própria vida e mais oito que tentaram se matar. A maioria das vítimas é do sexo masculino, tem até 24 anos e usa cinto ou fio de náilon para se enforcar. Foi o caso de uma jovem mayoruna (cujo nome será preservado), de 15 anos, da Terra Indígena Vale do Javari, de Aldeia Flores, no Amazonas. Para o Cimi, os suicídios são a expressão de desespero dos povos indígenas diante da omissão do Poder Público, simbolizada, entre outros fatores, pela morosidade na regularização de terras indígenas. “A estratégia governamental aponta para uma marcante retração do ritmo da demarcação de terras indígenas. Em 2011, (a presidenta) Dilma Rousseff homologou apenas três terras indígenas, o Ministério da Justiça declarou como tradicionais somente seis terras indígenas, e apenas nove terras foram identificadas e delimitadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A retração, porém, parece crescer a cada ano”, cita o secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto, no relatório. Segundo o documento, nos oito anos de governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, foram homologados 80 processos de demarcação de terras indígenas – número inferior ao verificado em todas as gestões do período pós-1988. A entidade também destaca que o número de suicídios – identificados no relatório a partir de notícias da imprensa, dados oficiais e informações fornecidas pelos próprios missionários – não reflete a realidade. O relatório chega a mencionar números que atribui ao Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (Dsei/MS), segundo os quais, somente no estado, 45 índios teriam se suicidado durante o ano passado (número que está sujeito à revisão). Saúde Outro problema abordado diz respeito aos serviços de assistência à saúde indígena, como a falta de profissionais, de medicamentos, equipamentos, transporte e de assistência constante. Registrados como casos de “desassistência na área de saúde”, as 53 ocorrências relatadas explicitam situações como a dos kaxinawá da Terra Indígena Alto Rio Purus, de Santa Rosa dos Purus (AC), onde, segundo o Cimi, diversas crianças apresentam sintomas do rotavírus, sem que as autoridades responsáveis tenham tomado as devidas providências para evitar que a doença se espalhasse. Segundo a antropóloga Lúcia Helena Rangel, a falta de assistência à saúde indígena prejudicou mais de 35 mil pessoas de 15 unidades da Federação. A situação mais grave, segundo ela, foi verificada no Amazonas, particularmente no Vale do Javari. Já o médico e membro da Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima, Paulo Daniel Moraes, menciona que, embora a falta de medicamentos básicos, o sucateamento de equipamentos e a ausência de programas regulares de assistência à saúde indígena não sejam uma exceção há muito tempo, 2011 foi marcado pela omissão do Poder Público, “o que serviu para agravar ainda mais o cenário de caos”. O relatório também menciona as agressões sofridas pelas comunidades que tentam retomar suas terras e que, em função do consequente conflito fundiário, são “atacadas por agressores que disparam tiros, indiscriminadamente”. Exemplo do que ocorreu em novembro do ano passado, na comunidade Guayviri, de Amambai (MS). No episódio, o cacique Nísio Gomes foi levado por pistoleiros que chegaram atirando. Gomes continua desaparecido até hoje. Os indicadores referentes a danos ambientais em terras indígenas também pioraram. Enquanto em 2010 o Cimi relatou 33 casos de invasões de propriedades indígenas e de exploração ilegal de recursos naturais, no ano passado foram 42 casos.

Emissora Australiana É Condenada Por Produzir Conteúdo Racista Contra Tribo Indígena do AM

Na materia exibida,o povo Suruwaha, foi considerado pelo órgão regulador da imprensa australiana como racista e impreciso A exibição de um documentário sobre a tribo Suruwaha, do Amazonas, por uma equipe do canal de televisão Channel 7, da Austrália, resultou na condenação, pelo órgão regulador da imprensa australiana, do referido canal, em virtude do material ter violado o código de comunicação daquele país. Apesar da condenação ter sido divulgada nessa segunda-feira (24), pela Organização Não-Governamental Survival International , a exibição do programa ocorreu no dia 4 de setembro do ano passado, no programa Sunday Night. No filme o povo Suruwaha é retratado como sendo um ‘povo da Idade da Pedra, ‘perdido no tempo’, e que pratica o infanticídio, quando uma criança nasce com má formação ou nasce de uma mãe solteira. Conforme o conteúdo do material as crianças são levadas para serem mortas na selva onde são abandonadas para serem comidas por animais selvagens ou enterradas vivas. A época, a ONG classificou o material como um “Show de Horrores na TV”, e denunciou o caso à Autoridade Australiana de Comunicações e Mídia (do inglês Australian Communications and Media Authority – ACMA), uma vez que o Channel 7 recusou-se a publicar uma correção sobre o material. Em seu julgamento a ACMA considerou o Channel 7 culpado pela quebra da sua cláusula de racismo – ‘provocar um intenso desgosto, sério desprezo ou severo ridículo de uma pessoa ou um grupo’, além de declarar o Channel 7 também culpado por emitir material impreciso. “Essa foi uma das piores matérias sobre povos indígenas contemporâneos que já vimos. Fantasiaram-nos como monstros cruéis e inumanos, no mesmo desprezo colonialista do século XIX que os considerava como ‘selvagens primitivos’, declarou o diretor da Survival International, Stephen Corry, em uma matéria publicada no site da organização sobre a decisão do órgão regulador da imprensa australiana.

domingo, 2 de setembro de 2012

BOATO OU VERDADE? EVIDÊNCIA DE MASSACRES DE ÍNDIOS

O governo venezuelano não encontrou evidência de um suposto massacre, em julho, de índios ianomâmis no sul do país por garimpeiros brasileiros, como denunciou na segunda-feira uma ONG, informou a ministra para os Povos Indígenas, Nicia Maldonado.

"O balanço das visitas que realizamos é que não encontramos evidência de nenhuma morte de indígenas ianomâmis", disse Maldonado na noite de sábado, segundo a agência oficial AVN.

As autoridades também "não encontraram evidência de casas ou de 'shabonos' (cabanas) incendiados nas comunidades" apontadas como cenário do suposto crime, completou.

Na sexta-feira, o ministro venezuelano do Interior, Tareck el-Aissami, anunciou que funcionários do Ministério Público, da Polícia Científica e do Exército visitavam "as nove comunidades ianomâmis" assentadas no município de Alto Orinoco, no estado do Amazonas, na fronteira com o Brasil, onde teria ocorrido a matança.

De acordo com Aissami, as sete comunidades consultadas na quinta-feira pelas autoridades não informaram sobre "nenhuma situação de violência", enquanto outras duas, mais ao sul e mais isoladas, ainda não haviam sido contatadas.

O Brasil anunciou no sábado que estava disposto a ajudar na investigação.

A 'Horonami Organización Yanomami' (HOY), defensora das comunidades indígenas venezuelanas, afirmou na segunda-feira que no dia 5 de julho um grupo de garimpeiros tinha efetuado um ataque com armas de fogo e explosivos a partir de um helicóptero contra a comunidade Irothateri, onde aproximadamente 80 pessoas viviam, segundo o secretário executivo da ONG, Luis Ahiwei.

Os corpos foram encontrados por três sobreviventes e "não foram identificados" porque ficaram carbonizados, segundo o ativista.

A organização de defesa dos direitos indígenas Survival, com sede em Londres, confirmou na quarta-feira em um comunicado os depoimentos de "corpos e ossos queimados", mas destacou que os relatos iniciais sobre 80 mortos eram "impossíveis de confirmar".

ESCAPELAMENTO VÍTIMAS INDENIZADAS NA AMAZÔNIA

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica indicam que pelo menos 300 pessoas tenham sofrido algum tipo de escalpelamento na região entre Belém e o estado do Amapá nas últimas décadas.

Dados da Defensoria Pública da União no Amapá e no Pará indicam que 41 vítimas de escalpelamento em barcos foram indenizadas desde 2009, quando o pagamento começou a ser feito no Brasil. Os dois estados concentram a maior parte dos acidentes, que acontecem quando os cabelos se enroscam no eixo do motor das embarcações e provocam a mutilação.

No Amapá e no Pará, dez casos de escalpelamento foram registrados oficialmente – seis em 2009, três em 2010 e um em 2012. Os defensores alertam, entretanto, que os números podem ser maiores, já que existe subnotificação e vários acidentes não são comunicados às autoridades estaduais e municipais.

O tempo médio de espera pela indenização é de dois a três anos e a quantia paga varia de R$ 13.500, em casos de escalpo total (quando são arrancados o couro cabeludo e partes do rosto, como orelhas e pálpebras), a R$ 7.500, para escalpo parcial.

No Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, lembrado hoje (28), o subdefensor público-geral federal no Amapá, Afonso Carlos Roberto do Prado, avaliou que a falta de conhecimento sobre os riscos de escalpelamento ainda é grande, sobretudo na Região Norte. “É uma questão de ordem educacional. As pessoas não conseguem ver o eixo do barco como um perigo iminente”, explicou, ao se referir às populações ribeirinhas que usam o transporte fluvial.

O pagamento das indenizações integra o Projeto Itinerante de Erradicação do Escalpelamento, que prevê ações de prevenção aos acidentes e uma linha de crédito para que os barqueiros instalem proteção nos motores, impedindo que os cabelos dos passageiros se enrosquem no eixo.

As ações preventivas, segundo Prado, se baseiam no convencimento dos governos estaduais e municipais e também dos fabricantes de motores e de embarcações artesanais. “As pessoas mais simples conseguem recompor boa parte do prejuízo financeiro sofrido [por meio da indenização], mas as dores de ordem moral são muito grandes”, disse.

Em maio deste ano, cerca de 60 vítimas de escalpelamento no Amapá foram atendidas por um mutirão de cirurgias reconstrutoras. No último dia 18, os cirurgiões plásticos voluntários retornaram ao Amapá para a segunda etapa de procedimentos.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Forças Armadas Indgnadas

Marinha, do Exército e da Aeronáutica viram seus salários serem achatados ao longo dos anos, o que criou distorções absurdas. Um comandante de porta-aviões, por exemplo, ganha menos que um gráfico do Senado Federal
Familiares de militares marcharam pela orla da Praia de Copacabana no Rio de Janeiro em um protesto por aumento salarial. A manifestação, batizada de “panelaço”, aproveitou a presença de autoridades do governo e representantes internacionais no Forte de Copacabana para a Conferência Rio+20 para dar visibilidade à causa. Dados levantados pelo site de VEJA mostram a discrepância salarial entre os militares – que somam um efetivo de 339 364 homens - e os demais servidores públicos federais. Um operador de máquina do Senado Federal, responsável por colocar em funcionamento as máquinas do serviço gráfico da Casa, por exemplo, recebe salário de 14 421,75 reais. A vaga, preenchida por concurso, exige apenas Ensino Fundamental completo. Enquanto isso, um capitão-de-mar-e-guerra, o quarto posto mais alto dentro da hierarquia da Marinha e responsável, por exemplo, por comandar um porta-aviões, recebe remuneração de 13 109,45 reais. Veja outras comparações salariais e quanto ganha quem comanda as tropas ao final desta reportagem.

Os militares da ativa são proibidos de se manifestar. Por isso, escalaram suas mulheres para ir às ruas. Ivone Luzardo preside a União Nacional das Esposas de Militares (Unemfa) e é uma das articuladoras do protesto deste domingo. Ela causou alvoroço em março ao subir a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, de uso restrito da presidente. Tudo para chamar a atenção para as reivindicações salariais da categoria. Em maio, conseguiu entregar nas mãos da presidente um ofício com um pedido de audiência. Não obteve resposta. “O governo precisa separar a história da realidade”, afirma Ivone. “Os militares assumiram o poder nos anos 1960 porque ninguém queria um país comunista. Os que hoje estão no governo eram contra os militares na época. Criou-se um revanchismo.”

Outro líder do movimento é o militar reformado Marcelo Machado. Ele presidente a Associação Nacional dos Militares do Brasil, fundada há um ano e com sede no Rio de Janeiro e em Brasília. “A insatisfação é geral. Enquanto os comandantes das Forças Armadas têm salário de ministro, nós ficamos a pão e água”, diz Machado. “Os colegas não podem se manifestar, mas, por ser reformado, tenho sorte de ninguém poder me punir.” O movimento vem ganhando força a ponto de as duas associações terem marcado para 30 de agosto o 1º Congresso Nacional da Família Militar.

Sob a condição de anonimato, pelo temor de represálias, militares da ativa e da reserva aceitaram conversar com a reportagem do site de VEJA. Eles narram uma rotina de dificuldades financeiras, endividamento e condições precárias para as famílias de militares que são transferidos de cidade. “Há militares com 25 anos de serviço em capitais que residem em quarteis, em alojamentos paupérrimos, com a família a 200 quilômetros de distância, onde podem pagar pelo aluguel”, relata um subtenente com 27 anos de Exército.



Um capitão do Exército da reserva aceitou mostrar seu contracheque (veja detalhes na ilustração ao lado). Ele tem 60% de seu soldo, de 5 340 reais, comprometido com empréstimos e financiamento imobiliário. Ao soldo somam-se gratificações pelo tempo de serviço e por especialização na profissão que dobram o valor da remuneração. Mesmo assim, ele chega ao final do mês com salário líquido de pouco mais de 3 000 reais depois de 37 anos de dedicação às Forças Armadas. “A vida militar é um sacerdócio, não um emprego. Tenho sangue verde-oliva”, diz o orgulhoso senhor de 57 anos. “Porém, acho injusto um capitão contar o dinheiro para poder trocar de carro enquanto um funcionário de nível médio do Senado anda de automóvel importado.”

Entre as reivindicações das associações de familiares está o pagamento imediato de um porcentual de 28,86%, concedido por lei aos servidores públicos em 1993, durante o governo Itamar Franco, mas nunca entregue aos militares. Em 2003, o Supremo Tribunal Federal editou uma súmula garantindo o pagamento às tropas. Em 2009, a Advocacia-Geral da União reconheceu a decisão. De acordo com o Ministério da Defesa, no entanto, o estudo para pagamento do reajuste está sob análise do Ministério do Planejamento. “A implementação de novos valores dependerá de análise do governo federal, observada a conjuntura econômico-financeira do país”, informou a Defesa. O ministério informou ainda que tem dialogado com o Planejamento “visando a melhoria da remuneração dos militares das Forças Armadas”. Não há, no entanto, previsão de quando pode haver uma resolução sobre o assunto.

Em 2011, a folha de pagamento das três Forças somou 46,56 bilhões de reais, sendo 17,54 bilhões de reais destinado ao pessoal ativo e 29,02 bilhões de reais para inativos e pensionistas.

Fuga da carreira militar - A pouca atratividade financeira da carreira tem feito minguar os quadros das Forças Armadas. Levantamento feito com base em dados do Diário Oficial da União mostra que, de janeiro de 2006 até maio de 2012, 1 215 militares deixaram a carreira. O Exército foi a força que mais perdeu pessoal, 551 homens, seguido pela Marinha, 405, e Aeronáutica, 229. Os detalhes estão no gráfico abaixo. O estudo foi organizado pela assessoria do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), porta-voz das tropas no Congresso. “Tem muitos oficiais saindo para ganhar mais em outras áreas. E o gasto que o governo tem para formar um militar é altíssimo”, afirma Bolsonaro. “O governo usa o pretexto da indisciplina para nos subjugar.” Continue a ler a reportagem aqui.



As associações de familiares procuraram um por um os parlamentares para pedir a eles apoio para pressionar o governo Dilma Rousseff a conceder aumento. Os apelos tiveram pouca reverberação no Congresso. Além de Bolsonaro, apenas o senador Roberto Requião (PMDB-PR) deu sinais de apoio à causa. Em audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Casa com o ministro da Defesa, Celso Amorim, Requião falou sobre a necessidade de valorizar a carreira militar e sugeriu o agendamento de um encontro na comissão, com a presença do ministro, para tratar do assunto. Até agora, nada está marcado, no entanto.

Promessas - Apesar de todos os entraves agora colocados pelo governo, um plano de reajustes para a categoria estava previsto na Estratégia de Defesa Nacional, lançada em 2008, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e, ainda, em uma carta da então candidata à Presidência Dilma Rousseff, de 2010. Diz o documento assinado por Dilma e entregue à época aos representantes das Forças Armadas: “Os índices de reajuste salarial conquistados nos últimos dois mandatos presidenciais são uma garantia de que continuaremos efetuando as merecidas reposições.” As tropas, unidas, continuam à espera.

MPF Investiga Venda De Crédito De Carbono Por Índios



A Fundação Nacional do Índio (Funai), que considera ilegais os contratos assinados entre comunidades indígenas e empresas que negociam crédito de carbono, registra no País mais de 30 contratos nas mesmas bases.
O Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar o contrato de US$ 90 milhões firmado entre a empresa Celestial Green Ventures e a comunidade indígena mundurucu para uso de créditos de carbono. Segundo o órgão, falta clareza no acordo que permite à companhia irlandesa explorar por 30 anos uma área de 200 mil quilômetros quadrados na floresta amazônica.
Em março deste ano, o Estado revelou que os índios da etnia mundurucu receberiam um pagamento mensal para ceder à Celestial Green Ventures os direitos de comercialização dos créditos de carbono, que compensam emissões de gases de efeito estufa pelas grandes empresas poluidoras ao redor do planeta. Além disso, o contrato prevê a exploração da biodiversidade, com acesso irrestrito ao território indígena no município de Jacareacanga (PA).
Segundo a apuração do Ministério Público, o valor pago pelos irlandeses seria de R$ 3 milhões por ano. Depois de passar pela Advocacia-Geral da União (AGU), o procedimento administrativo foi transformado em inquérito e será investigado pelo procurador Felipe Bogado, da Procuradoria da República em Santarém, no Pará.
Contrato polêmico
A Fundação Nacional do Índio (Funai), que considera ilegais os contratos assinados entre comunidades indígenas e empresas que negociam crédito de carbono, registra no País mais de 30 contratos nas mesmas bases.
Apenas a Celestial Green teria fechado outros 16 projetos no território brasileiro, somando cerca de 200 mil quilômetros quadrados - ou quase o tamanho do Estado de São Paulo.
A terra dos mundurucus representa pouco mais de 10% do total contratado pela empresa, que também negociou os territórios Tenharim Marmelos, no Amazonas, e Igarapé Lage, Igarapé Ribeirão e Rio Negro Ocaia, em Rondônia.
Sem revelar valores, outra empresa internacional, a Viridor Carbon Services, anunciou recentemente ter realizado o maior contrato do gênero com a etnia cinta-larga, que ocupa quatro terras indígenas nos Estados de Rondônia e Mato Grosso.

sábado, 16 de junho de 2012

GRINGOS EM TERRAS INDÍGENAS PIRAHÃ

O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil público para investigar a presença do norte-americano Daniel Everett entre os indígenas da nação Pirahã, em Humaitá (a 590 quilômetros a sudoeste de Manaus). De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), ele entrou no País com visto de missionário, mas passou a atuar como pesquisador da língua dos indígenas, o que torna sua permanência, assim como suas atividades, ilegais.Na mesma portaria do MPF, que determina a apuração da autorização para pesquisa de Daniel, é solicitado ainda que seja verificada a situação de legalidade de Karen Everett, Eugenie Stapert, Edward Gibson, Michael Frank e Jeanette Sakel.O MPF cobra providências da Funai para evitar que pessoas não autorizadas entrem em áreas indígenas, bem como informe as medidas adotadas para apuração das pesquisas realizadas e para reparação de eventuais prejuízos às comunidades indígenas envolvidas.O coordenador-geral de Estudos e Pesquisas da Funai em Brasília, Cláudio dos Santos Romero, é taxativo quanto à entrada sem autorização. “Esta situação é toda irregular. Este rapaz está há anos no País entre os indígenas sem dar satisfação às autoridades sobre as pesquisas que foram e que podem estar sendo realizadas”, disse.Romero explicou que toda pesquisa feita em terras indígenas deve ser regulamentada e acompanhada pelas autoridades brasileiras para evitar o contrabando de espécies nativas, assim como a preservação do patrimônio cultural e o conhecimento milenar dos indígenas. “Já houve casos de estrangeiros que registraram patentes de materiais recolhidos na Amazônia”.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Índios Reprovam Estrada na Amazônia Boliviana

La Paz - Indígenas que se opõem a construção de uma estrada, financiada em parte pelo Brasil, na reserva ecológica da região amazônica da Bolívia, retomaram sua marcha nesta segunda-feira para La Paz, depois de terem percorrido a metade de um percurso de 600 km, sem conseguir um diálogo com o governo, informou a organização em um comunicado de imprensa . A marcha de cerca de 200 pessoas atravessou sem incidentes a aldeia Yucumo, 320 km ao norte de La Paz, onde confrontos eram temidos, já que a cidade é um reduto eleitoral do presidente Evo Morales, indígena de esquerda. "A marcha em defesa do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) passou nas primeiras horas desta segunda-feira por Yucumo Beni sem problemas", afirmou a Confederação Indígena de Povos do Oriente da Bolívia (CIDOB), a principal organização que apoia o movimento. Os índios rejeitam a construção da estrada, pois consideram que causará danos ambientais graves ao TIPNIS, enquanto o poder Executivo defende a integração da estrada que conta com um crédito de 332 milhões de dólares do BNDES. A marcha fez uma parada na cidade de Chaparina (7 km ao norte de Yucumo) na semana passada para pedir um diálogo com o governo, mas o ministro do Interior, Carlos Romero, rejeitou o apelo ao acusar as lideranças indígenas de adotarem posições políticas. Os índios iniciaram a caminhada em 27 de abril na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni, a 600 km de La Paz. Esta é a segunda manifestação do tipo em sete meses contra o projeto do presidente Morales de construir a estrada de 300 km que atravessará o TIPNIS. Os índios devem levar mais um mês para chegar ao destino final, e ainda resta o trecho mais difícil, que cruza a aldeia pró-governo de Caranavi, 600 metros acima do nível do mar, para que depois chegue a La Paz, 3.600 metros acima do nível do mar.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Etnias Índigenas Contra Obras Na Amarica Latina

Indígenas desafiam fronteiras e se unem contra grandes obras na América Latina Experiências bem-sucedidas por toda a América Latina em disputas com governos e empresas também vêm sendo compartilhadas. Desafiando as fronteiras nacionais, indígenas de países latino-americanos se articulam na oposição a obras que afetam seus territórios e a políticas transnacionais de integração. Com o auxílio de tecnologias modernas e de conexões históricas, índios de diferentes grupos buscam unificar posições em organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA). Experiências bem-sucedidas por toda a América Latina em disputas com governos e empresas também vêm sendo compartilhadas. "Estamos mapeando todas as conquistas dos nossos parentes [povos indígenas] no continente para aproveitarmos as experiências deles aqui no Brasil", disse o coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã. "Nossos problemas são praticamente idênticos aos dos indígenas dos outros países." Essa aproximação é liderada pelas grandes organizações indígenas nacionais e por movimentos regionais, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que agrega grupos do Equador, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Além de manter as organizações filiadas informadas sobre disputas envolvendo indígenas nos países membros, a Coica tem promovido encontros entre seus integrantes. Nas reuniões, discutem-se, entre outros temas, formas de pressionar os governos a demarcar territórios, como recorrer a organismos internacionais para fazer valer os direitos indígenas e o impacto de grandes obras nas comunidades tradicionais. "[O que] nos preocupa é a nova forma de desenvolvimento conhecida como economia verde. Entendemos isso como um esforço para a exploração dos recursos naturais nos territórios indígenas", disse o coordenador técnico da Coica, Rodrigo de la Cruz. Ele cita algumas obras que considera dramáticas para indígenas na América Latina: no Brasil, a hidrelétrica de Belo Monte; na Bolívia, a construção de estrada que atravessaria o parque nacional Tipnis; no Equador, a exploração petrolífera na Reserva Faunística Yasuní; no México, a estrada Bolaños-Huejuquilla; e na América Central, o Projeto Mesoamérica (integração de redes elétrica e de transporte do México à Colômbia). O presidente da Federação Nativa do Rio Madre de Dios e Afluentes (Fenamad), principal movimento indígena do Departamento (estado) peruano de Madre de Dios, Jaime Corisepa, disse temer um agravamento das condições caso os próximos projetos de integração saiam do papel. Um deles é o acordo energético que prevê a construção de seis hidrelétricas no Peru para abastecer o mercado brasileiro. Protestos de índios fizeram o governo peruano suspender o acordo e anunciar que ele só vigorará após as comunidades tradicionais serem consultadas, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Marcela Vecchione, consultora da Comissão Pró-Índio (CPI) do Acre, disse que as fronteiras na região foram definidas segundo critérios econômicos e não levaram em conta as comunidades presentes, que, em muitos casos, foram divididas pelos limites nacionais. Ao longo de várias décadas, segundo ela, esses povos mantiveram relação intensa com os dos países vizinhos, cruzando as fronteiras livremente. Com a demarcação de terras indígenas pelos governos nacionais nas últimas décadas, porém, esse fluxo migratório foi reduzido, embora muitos povos binacionais (ou até trinacionais, em alguns casos) mantenham alianças por meio de casamentos e relações de parentesco com índios de países vizinhos. Tashka Yawanawá, líder da Associação Sociocultural Yawanawá, que atua no Acre, mantém um blog e usa a internet para fazer videoconferências com povos de países vizinhos. Nos últimos dias, ele disse ter conversado pelo Skype com índios peruanos sobre como as comunidades tradicionais podem se beneficiar dos "serviços ambientais" que prestam (como o plantio de ervas medicinais ou a preservação ambiental em seus territórios). O tema foi debatido em encontro recente nas Filipinas. Segundo Tashka, a humanidade hoje vive "numa aldeia global em que tudo está conectado". "Hoje os povos indígenas não podem mais fugir do homem branco, da tecnologia. Temos que nos atualizar, nos preparar para encarar esse novo mundo."

sábado, 21 de abril de 2012

Índios Korubos Matam e Raptam Crianças da Etnia Kanamari

Informação confirmada pela Funai. Korubos são conhecidos como 'caceteiros' e mataram a golpes de borduna. Conflito ocorreu em Atalaia do Norte, a 1500km de Manaus. Manaus - Três indígenas da etnia kanamari, sendo dois homens e uma mulher, foram mortos a golpes de bordunas pelos korubo, também conhecidos como ‘índios caceteiros’, que raptaram duas crianças da mesma etnia na Terra Indígena Vale do Javari, na região do município de Atalaia do Norte, a mais de 1.500 quilômetros de Manaus (AM). A informação foi publicada nesta quarta-feira pelo Blog da Amazônia, do jornalista Altino Machado. De acordo com informações do blog, o massacre ocorreu entre a quarta-feira e a quinta da semana passada, no Rio Curuena, tributário do Rio Jutaí, que, por sua vez, é afluente do Solimões, no limite leste da Terra Indígena Vale do Javari, a sudoeste do Estado o Amazonas, região que abrange a fronteira do Brasil com o Peru. O massacre foi confirmado nesta quarta-feira (18) pelo sertanista Carlos Travassos, coordenador de Índios Isolados e Recente Contato (CGIIRC) da Funai, em Brasília. “Recebemos o mesmo relato, transmitido via radiofonia, e estamos agindo com bastante cautela. Estamos esperando pelo relatório do pessoal da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari”. Esta é a primeira vez que se relata que os korubo tenham matado indígenas na região. Quando se deslocam, os kanamari passam pela área onde vivem os os korubo. Os kanamari vinham estabelecendo contatos com os korubo, o que incluia a oferta de presentes. Resposta oficial da Funai sobre o caso. "Na última terça-feira, 17, a Frente de Proteção Etnoambiental da Funai no Vale do Javari recebeu notícias de um conflito envolvendo um povo de índios isolados e indígenas da etnia Kanamari, na região leste da Terra Indígena Vale do Javari. A Frente de Proteção enviou uma equipe ao local onde teria ocorrido o referido conflito para averiguar as informações. Somente após essa averiguação a Funai se pronunciará a respeito

sábado, 7 de abril de 2012

Funai Confirma Existência de Novo Grupo de Índios Isolados no Amazonas

Funai confirma existência de novo grupo de índios isolados no Amazonas

Na Terra Indígena Vale do Javari há um complexo de povos isolados que é considerado a maior concentração de grupos isolados na Amazônia e no mundo.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmou hoje (21) a existência de um novo grupo de índios isolados no Vale do Javari, no Amazonas. A Funai estima em cerca de 200 o número de índios no local e diz que eles, são, provavelmente de um grupo cuja língua é da família Pano. A comunidade foi localizada pela Frente de Proteção Etnoambiental, durante sobrevoo realizado em abril deste ano. Três clareiras com quatro grandes malocas foram avistadas pelos técnicos.

Antes mesmo do sobrevoo, o coordenador da Frente do Vale do Javari, Fabrício Amorim, havia identificado as clareiras por satélite. A confirmação desse tipo de descoberta requer, segundo ele, anos de trabalho sistemático e metódico, com realização de pesquisas documentais, expedições e análises de imagens de satélite.

Até a confirmação, a presença desses índios isolados era apenas uma referência “em estudo”, com base em relatos sem informações conclusivas sobre a exata localização e características da comunidade.

Em nota, a Funai informa que tanto a roça quanto as malocas são novas e foram concluídas no máximo há um ano. Essa avaliação tem por base o estado da palha usada na construção e a plantação de milho. No local há, ainda, plantações de bananas e uma vegetação rasteira similar à de amendoins.

Na Terra Indígena Vale do Javari há um complexo de povos isolados que é considerado a maior concentração de grupos isolados na Amazônia e no mundo.

Amorim aponta, entre as principais ameaças à integridade de povos indígenas isolados a pesca ilegal, a caça, a exploração madeireira, o garimpo, atividades agropastoris com grandes desflorestamentos, ações missionárias e situações de fronteira, como o narcotráfico. "Outra situação que requer cuidados é a exploração de petróleo no Peru, que pode refletir na Terra Indígena do Vale do Javari”, afirma Amorim.

A Funai reconhece a existência de 14 referências de índios isolados no Vale do Javari, mas o número pode ser ainda maior. Mais de 90 indícios de ocupações indígenas foram localizados entre 2006 e 2010, e há atualmente oito grupos de índios isolados com malocas, roças e tapiris (choupanas) já localizados por sobrevoo ou por expedições terrestres.

De acordo com a Funai, em toda a região do Vale do Javari., vivem cerca de 2 mil indígenas.

Conselho Indigenista Denuncia Brasil à ONU e Pede Intervenção

Conselho indigenista denuncia Brasil à ONU e pede intervenção

Entre 2003 e 2010 morreram 250 índios guarani kaiowá no Mato Grosso do Sul e outros 300 indígenas no Vale do Javari, no Amazonas.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou o Brasil à Organização das Nações Unidas (ONU), pedindo sua intervenção junto ao governo para solucionar os conflitos com os povos indígenas. De acordo com a entidade religiosa, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em condições precárias de vida, entre 2003 e 2010 morreram 250 índios guarani kaiowá no Mato Grosso do Sul e outros 300 indígenas no Vale do Javari, no Amazonas.
A denúncia e o pedido de intervenção foram feitos esta semana, em uma reunião de entidades sociais com a subsecretária-geral para Asssuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos. De acordo com o Cimi, o encontro foi realizado na sede do Itamaraty no Rio de Janeiro.
Decidimos denunciar o Brasil às Nações Unidas porque já levamos ao conhecimento do órgãos federais as constantes violações de direitos humanos no Vale do Javari e no Mato Grosso do Sul, mas nada foi feito - disse o representante do Cimi no encontro, Adelar Cupsinski.
No Vale do Javari, segundo a entidade, 8% da população indígena foi morta por doenças controláveis, como os diversos tipos de hepatite e a diarreia infantil.
Há um genocídio silencioso no Vale do Javari. São 300 mortes por doenças como a hepatite, uma situação que o governo brasileiro conhece desde os anos 80 - denunciou Cupsinski.
Ele afirmou ainda que as denúncias sobre as condições de vida dos guarani kaiowá já foram levadas à Organização dos Estados Americanos (OEA):
Na OEA, o Brasil já apresentou contestação, e o processo está em análise. No Mato Grosso do Sul, há uma situação de confinamento dos povos indígenas em pequenas reservas.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

GRIPE SUÍNA MATA DOIS YANOMAMI EM RORAIMA

Gripe suína pode ser responsável pela morte de dois índios Yanomami em Roraima
Apesar da suspeita, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) informou que ainda não é possível dizer se os casos são de gripe suína.

Autoridades de saúde investigam casos de gripe aguda entre índios Yanomami, em Roraima. Nos últimos dez dias, dois índios, um bebê e um adulto, morreram em decorrência de uma síndrome respiratória aguda, com sintomas característicos da influenza A (H1N1) – gripe suína. Apesar da suspeita, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) informou que ainda não é possível dizer se os casos são de gripe suína. O laboratório central de Boa Vista está analisando 40 amostras colhidas nas aldeias.
Os índios com sintomas de gripe estão sendo tratados com o remédio Tamiflu, o mais usado contra o vírusInfluenza H1N1. Os doentes em estado mais grave estão sendo transferidos para hospitais da capital de Roraima e para Casa de Assistência Indígena (Casai). De acordo com a secretaria, nesta época do ano aumenta o número de casos de gripe na região.

A campanha nacional de vacinação contra a gripe comum, incluindo a gripe suína, começa no dia 5 maio. Os indíos fazem parte do público-alvo, junto com idosos (a partir de 60 anos), crianças de 6 meses a 2 anos de idade, gestantes e profissionais de saúde.

No último dia 3, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação judicial para obrigar a Sesai a regularizar o fornecimento de remédios às casas de apoio aos índios Yanomami em Roraima. De acordo com o MPF, há pacientes internados na Casai por mais de seis meses e que não têm alta por falta de remédios para prosseguir com o tratamento.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

TRÁFICO TEM GRANDE APOIO DA SEITA ISRAELITA EM TRIPLÍCE FRONTEIRA NO ALTO SOLIMÕES

O município peruano de Islândia, na fronteira com Benjamin Constant e Tabatinga, no Alto Solimões, é a base urbana da seita que espera pelo fim do mundo (Antônio Menezes )

A produção da folha de coca pelos membros da seita Associação de Missão Israelita, que vivem concentrados nas margens do rio Javari, na Província Marechal Ramon Castila, no Peru, está abastecendo o Amazonas com cocaína, segundo informações do superintendente da Polícia Federal, delegado Sérgio Fontes. A Polícia Federal e a polícia Peruana têm planos de realizar três operações para tentar erradicar o plantio de coca pelos seguidores da seita.

o superintendente, antes a plantação de coca estava concentrada nos vales andinos, mas agora chegou à Amazônia peruana e está bem perto da fronteira com o Brasil.

Os israelitas são os responsáveis pela maioria da produção da folha de coca na região. Além deles índios peruanos também estão fazendo o cultivo no mesmo local.

Sérgio Fontes informou que há mais de cinco anos os israelitas começaram a cultivar a folha de coca em larga escala. Toda produção é vendida para organizações criminosas peruanas e depois de processar a droga abastece o mercado local. A cocaína entra pelas cidades amazonenses de Tabatinga e Benjamim Constant, na tríplice fronteira.

A estimativa do governo peruano é de que as plantações de coca na fronteira já ocupam uma área estimada entre 5 e 10 mil hectares. Quanto a quantidade de coca que é produzida anualmente pelos israelitas, Sérgio Fontes disse que não tem informações suficientes para estimar.

Agora a informação é de que os israelitas vem aumentando a sua produção a cada ano. Para o superintendente a erradicação definitiva das plantações de coca pela polícia peruana será a solução.

Mas, segundo Fontes não basta apenas erradicar ou reprimir o cultivo da coca pelo israelitas e índios. O governo peruano precisa oferecer outras alternativas como o uso da tecnologia para melhorar a produção agrícola, comprar o que eles produzem de forma que melhore a qualidade de vida deles.

Parceria
O superintendente da Polícia Federal disse que no ano passado, as policiais brasileira e peruana realizaram a operação Trapézio que teve como um dos objetivos a erradicação de cultivos de folha de coca na amazônia peruana. Segundo Sérgio Fontes a previsão é de que seja realizada anualmente três operações semelhante a Trapézio. Para o superintendente a idéia é reprimir a entrada da droga em território brasileiro.

Operação destruiu oito toneladas
O superintendente da Polícia Federal Sérgio Fontes disse que durante a operação Trapézio foram destruídos poças de masseração de folhas de coca que resultariam em aproximadamente 8 toneladas de droga. Foram encontrados, no meio da selva, 30 laboratórios rústicos de produção de pasta base.

Ainda na região foram encontrados insumos para produção da droga como combustíveis, ácidos, cal, tanques utilizados para maceração das folhas de coca e barracas para abrigar os camponeses. Todo o material encontrado foi destruído por meio de incineração e explosivos. A Polícia Federal esteve em um dos locais de plantio de coca e colheu amostras de folhas, solo e água. O material foi levado para o Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, onde está sendo realizado estudo para determinar qual a variação da planta de coca e se houve manipulação genética para que seu desenvolvimento ocorresse na selva e em baixas altitudes. Os estudos ainda não foram concluídos.

Fim do mundo
Associação de Missão Israelita foi fundada em 1968 por Ezequiel Ataucusi Gamonal. Eles esperam pelo fim do mundo. De acordo com o superintendente da Polícia Federal existem hoje aproximadamente 300 famílias que professar a seita e vivem num estado de pobreza, praticam a agricultura de subsistência.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Isolamento de Etnia Mascho-Piro no Peru Causa Polêmica

Peru quer manter isolamento de indígenas na Amazônia

Fotos de uma família "isolada" de mascho-piro, que vivia na reserva natural de Manu, na província de Madre de Diós causam polêmica.

Autoridades ambientais do Peru pediram para não entrar em contato com indígenas amazônicos isolados uma foto da tribo mascho-piro no sudeste do país, usada por ONG de defesa dos direitos humanos dos indígenas, Survival Internacional.
"Recomendamos não tentar jamais entrar em contato com essas comunidades (isoladas), que se esforçam para ficar afastadas do mundo externo",(Sernanp).
Informou ainda que a pessoa que tentar entrar em contato pode ser portador de "vírus fatais" e afetar os indígenas, que são sensíveis a doenças não existentes nas regiões em que vivem. Além disso, os nativos podem se mostrar hostis.
Huacchillo também recomendou "não deixar alimentos, objetos, roupas de presente, como fazem às vezes moradores da região ou turistas com o objetivo de desenvolver contato com os indígenas isolados".
As fotos,foram tiradas no fim de 2011 por um arqueólogo e uma simpatizante do grupo.
Há um ano, a ONG já havia divulgado fotos de grupos indígenas isolados na mesma região amazônica, mas que habitam o lado brasileiro.
As autoridades peruanas consideram que há cerca de 15 comunidades de indígenas isolados em suas regiões amazônicas. A Survival Internacional, por sua vez, considera a existência de 100 tribos isoladas.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Haitianos 'Mulas' do Tráfico na Triplíce Fronteira Gera Polêmica

A Prefeitura de Tabatinga, cidade do Amazonas onde 1.249 haitianos estão em situação irregular, aguardando a concessão de visto humanitário, e que registrou a entrada de 208 deles em apenas cinco dias, disse que já fez tudo que podia para ajudar os estrangeiros. O município afirma que não pode usar verbas de fundos municipais para auxiliá-los.Segundo o secretário de Comunicação, Francisco Magdo Ferreira, os serviços públicos da cidade, como postos de saúde, sofrem com a sobrecarga de usuários, já que não param de chegar estrangeiros.

Ferreira teme que os haitianos, sem condições de se alimentar e dormir adequadamente, recorram ao tráfico de drogas para obter dinheiro. “Daqui a pouco eles vão começar a passar fome e o tráfico vai começar a treinar eles, vão passar a ser "mula" (transportador de droga). Estamos na porta de entrada de tudo quanto é droga que entra pelo mundo”, afirma.

De acordo com o censo do IBGE, Tabatinga tem cerca de 52 mil habitantes. Porém, segundo Ferreira, a população flutuante da cidade é de quase o dobro de pessoas, por ser uma cidade com muitos estrangeiros e de fronteira.

“A prefeitura não pode retirar dinheiro dos fundos da educação e da saúde para isso. Hoje chegam de 40 a 50 haitianos por semana. Só de peruanos morando aqui temos 10 mil, que não foram computados no censo. Tabatinga tem de 80 mil a 90 mil pessoas usando os serviços públicos”, conta o secretário.

De acordo com o secretário de Comunicação de Tabatinga, no ano passado a prefeitura pediu que o governo estadual e a União liberassem verbas para ajudar os haitianos e encaminhou relatório para o Ministério das Relações Exteriores relatando as dificuldades.

“Solicitamos verba específica para ajudá-los fornecendo alojamento e alimentação. Não tivemos nenhuma resposta até hoje”, disse Ferreira, afirmando que o orçamento da prefeitura do ano passado era de R$ 3 milhões e que a cidade não tem sequer um abrigo público.

De acordo com equipe da organização não-governamental Médicos Sem Fronteira que está em Tabatinga, há haitianos dormindo nas ruas, e grupos de 40 pessoas tendo que dividir uma única latrina, em situações inadequadas de higiene. Muitos dependem da doação de refeições feitas pela Igreja Católica em dias de semana e para 400 pessoas — um terço das que estão em situação irregular. Nos finais de semana, segundo a Ong, a situação se agrava.