terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Haitianos 'Mulas' do Tráfico na Triplíce Fronteira Gera Polêmica

A Prefeitura de Tabatinga, cidade do Amazonas onde 1.249 haitianos estão em situação irregular, aguardando a concessão de visto humanitário, e que registrou a entrada de 208 deles em apenas cinco dias, disse que já fez tudo que podia para ajudar os estrangeiros. O município afirma que não pode usar verbas de fundos municipais para auxiliá-los.Segundo o secretário de Comunicação, Francisco Magdo Ferreira, os serviços públicos da cidade, como postos de saúde, sofrem com a sobrecarga de usuários, já que não param de chegar estrangeiros.

Ferreira teme que os haitianos, sem condições de se alimentar e dormir adequadamente, recorram ao tráfico de drogas para obter dinheiro. “Daqui a pouco eles vão começar a passar fome e o tráfico vai começar a treinar eles, vão passar a ser "mula" (transportador de droga). Estamos na porta de entrada de tudo quanto é droga que entra pelo mundo”, afirma.

De acordo com o censo do IBGE, Tabatinga tem cerca de 52 mil habitantes. Porém, segundo Ferreira, a população flutuante da cidade é de quase o dobro de pessoas, por ser uma cidade com muitos estrangeiros e de fronteira.

“A prefeitura não pode retirar dinheiro dos fundos da educação e da saúde para isso. Hoje chegam de 40 a 50 haitianos por semana. Só de peruanos morando aqui temos 10 mil, que não foram computados no censo. Tabatinga tem de 80 mil a 90 mil pessoas usando os serviços públicos”, conta o secretário.

De acordo com o secretário de Comunicação de Tabatinga, no ano passado a prefeitura pediu que o governo estadual e a União liberassem verbas para ajudar os haitianos e encaminhou relatório para o Ministério das Relações Exteriores relatando as dificuldades.

“Solicitamos verba específica para ajudá-los fornecendo alojamento e alimentação. Não tivemos nenhuma resposta até hoje”, disse Ferreira, afirmando que o orçamento da prefeitura do ano passado era de R$ 3 milhões e que a cidade não tem sequer um abrigo público.

De acordo com equipe da organização não-governamental Médicos Sem Fronteira que está em Tabatinga, há haitianos dormindo nas ruas, e grupos de 40 pessoas tendo que dividir uma única latrina, em situações inadequadas de higiene. Muitos dependem da doação de refeições feitas pela Igreja Católica em dias de semana e para 400 pessoas — um terço das que estão em situação irregular. Nos finais de semana, segundo a Ong, a situação se agrava.