segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

DESAPARECIMENTO DE CRIANÇAS CONTINUA SENDO UM PROBLEMA NO AMAZONAS

A estudante Raiane Cristina Barros de Souza viajava com a família de Manaus para a comunidade do Pupunha, zona rural do município de Manacapuru no barco 'Francisco Filho' A estudante Raiane Cristina Barros de Souza, de sete anos, está desaparecida desde o dia 3 de janeiro. Ela foi vista pela última vez com os pais e dois irmãos na embarcação ‘Francisco Filho’. A família viajava de Manaus para a comunidade do Pupunha, zona rural do município de Manacapuru, após ter passado as festas de fim de ano na casa de parentes. O desaparecimento ocorreu na região do Paraná do Paratari, afluente do rio Solimões, próximo à comunidade Sempre Viva, a seis horas de barco da sede de Manacapuru. Segundo o pai de Raiane, Alcécio da Silva Figueiredo Filho, o fato ocorreu por volta das 23h. “Ela estava deitada na rede com o irmão, de cinco anos quando desapareceu, foi tudo muito rapido”, contou. “O barco estava lotado e ninguém viu nada, mas sei que a minha filha não caiu na água”. A equipe do Corpo de Bombeiros fez buscas na região, mas não encontrou pistas do suposto afogamento da menor. A mãe de Raiane, Raimunda Nonata sa Silva Barros, 24, suspeita de sequestro e acusa o dono da embarcação, Francisco Filho, de não ter dado apoio nas buscas. “Eu tenho certeza que sequestraram minha filha, ela não caiu na água. Na hora eu fiquei muito desesperada, pedi para o dono do barco parar para eu procurar minha filha e ele disse que não podia fazer nada e não deixou eu procurar no porão do barco e nem nos camarotes dele e dos funcionários”, comentou. “Se ela tivesse caído no rio, o corpo dela teria sido encontrado”. Um boletim de ocorrência foi feito na delegacia de polícia de Manacapuru e outro em Manaus. Sem provas da morte por afogamento, a polícia investiga o suposto seqüestro. A reportagem tentou falar com o proprietário do barco, mas foi informada que ele está viajando na embarcação, que faz transporte de cargas e passageiros de Manaus até a zona rural de Manacapuru.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

TERRAS INDÍGENAS DO VALE DO JAVARI ESTÃO AMEAÇADAS NO AMAZONAS

Lideranças indígenas estão cobrando da Funai e da ANP esclarecimentos sobre atividade nas proximidades de sua terra População do Vale do Javari teme que situação ocorrida na década de 80 se repita com a chegada de doenças e lixo, principalmente em indígenas que vivem isolados Lideranças indígenas do Vale do Javari, localizado no Município de Atalaia do Norte (1.138 quilômetros de Manaus) estão preocupadas com os impactos de atividades de prospecção sísmica para identificação e exploração de gás e petróleo na região. Desde abril, a empresa Geo Radar, contratada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), vem realizando os trabalhos na área do Vale do Juruá, no Acre, mas segundo as lideranças do Vale do Javari, a pesquisa atinge o limite de sua terra indígena. Em nota enviada à Fundação Nacional do Índio (Funai) no último dia 18, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), representante dos povos mayuruna, kanamary, kulina, matís e marubo, cobra a presença da Geo Radar, da ANP e do próprio órgão indigenista no município amazonense de Atalaia do Norte para esclarecer sobre a atividade de prospecção. De acordo com a Unijava, a pesquisa da Geo Radar vai poluir as nascentes dos rios Itaquaí, Ituí e Jaquirana, afluentes do rio Javari e reduzir o estoque de caça e de pesquisa, sobretudo dos grupos indígenas isolados. “Nossa terra é a nossa vida. Basta o que enfrentamos com o descaso de doenças que já levou uma terça parte dos nossos povos. Não queremos ficar na história, queremos continuar com a nossa área protegida que faz parte das nossas vidas”, diz trecho da nota. Doenças e poluição O assessor da Associação Marubo, Clóvis Rufino, responsável pela divulgação da carta pela Internet, disse ao jornal A CRÍTICA que a entidade pretende marcar uma grande assembleia com os envolvidos na pesquisa na Aldeia São Sebastião, dentro do Vale do Javari. Embora a prospecção da Geo Radar já venha sendo realizada, os indígenas do Vale do Javari souberam que a atividade também pode afetar sua terra somente no início do mês, durante uma reunião no Município de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus), vizinho de Atalaia do Norte. Imediatamente, houve uma articulação para cobrar da Funai esclarecimentos sobre a pesquisa e os impactos. “Disseram que as atividades de pesquisa estão distante 10 quilômetros da TI do Vale do Javari. Mas essa distância não significa nada. Onde está a linha da empresa, há trânsito de índios isolados, que serão os mais afetados. O nosso receio é que aconteça a mesma coisa que ocorreu nos anos 70 e 80: doenças e lixo. Naquela época, houve uma pesquisa semelhante que nos trouxe muita poluição de igarapés, morte de peixes, proliferação de mosquitos da malária, transmissão de doenças. Até hoje há dinamites que não foram desativadas na terra indígena”, disse Rufino. Estratégia Na semana passada, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) divulgou nota com um detalhado histórico da exploração de gás e petróleo naquela região. A CTI considera grave o fato dos povos indígenas do Vale do Javari não terem sido informados a respeito do empreendimento previamente à realização das atividades. De acordo com o CTI, as linhas sísmicas foram estrategicamente traçadas pela ANP a fim de distanciarem no mínimo 10km de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, alegando tratar-se de uma atividade de impacto indireto às áreas protegidas. Para o CTI, desta forma a ANP evita “um demorado e custoso processo de licenciamento ambiental”. A nota completa está no endereço www.trabalhoindigenista.org.br. A prospecção de gás e petróleo no Vale do Juruá começou em abril deste ano com pouco alarde, mas lideranças de povos indígenas do Acre que serão afetados imediatamente divulgaram uma nota protestando contra a atividade. Na nota, os indígenas afirmam que os riscos e benefícios da atividade vinham sendo discutida apenas entre “políticos”, sem considerar a população que vive na região. A íntegra da carta pode ser acessada no link http://pagina22.com.br/index.php/2012/06/carta-contra-a-exploracao/. Cobrança No início deste mês, a Coordenação Regional da Funai do Juruá promoveu uma reuniãocom a Geo Radar, após cobrança dos povos indígenas do Acre. Em texto divulgado no site da CR Juruá, o indigenista Jairo Lima disse que, a empresa apresentou “respostas evasivas” e não trouxe “maiores novidades além do possível potencial” de gás e petróleo. Segundo Lima, a resposta não agradou nem convenceu as lideranças presentes. Na região do Vale do Javari vivem mais de três mil indígenas. Há, porém, registros comprovados de povos isolados, cuja quantidade não é contabilizada pela Funai. As condições de saúde daquela região é também uma das mais críticas do País, com alto índice de hepatite, malária e mortalidade infantil. A região também sofre pressão de invasores, que exploram ilegalmente caça, pesca e a derrubada de árvores.

PESQUISA ABORDA ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE INDÍGENA NO AMAZONAS

O objetivo principal mostrar como os agentes do SPI tratavam os povos indígenas quando eles necessitavam de tratamento médico. Segundo a estudante, foi verificado que as doenças entre os indígenas da Amazônia naquela época eram constantes e diversas. Manaus - A pesquisa intitulada ‘Rastros da saúde indígena nos relatórios das inspetorias do Serviço de Proteção aos Índios no Amazonas’, da graduanda do curso de História da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lara Vieira Bentolila de Aguiar, analisou, a partir da perspectiva histórica encontrada nos documentos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) as condições de saúde e tratamento oferecidos à população indígena daquela época. O estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) e teve como objetivo principal mostrar como os agentes do SPI tratavam os povos indígenas quando eles necessitavam de tratamento médico. “Os documentos históricos apontam o processo de utilização dos índios, naquela época, como mão de obra. Então, a pesquisa vem prospectar, de forma histórica, as principais condições de saúde destes indígenas nas primeiras décadas do século”, afirmou Aguiar. Resultados Segundo a estudante, com a pesquisa foi possível observar, além da comprovação que as principais doenças que afetavam os índios eram oriundas do avanço do convívio social, foi verificado também que as doenças entre os indígenas da Amazônia naquela época eram constantes e diversas, oriundas das principais atividades realizadas por eles para seu sustento. A pesquisa também possibilitou confirmar que entre os principais rastros de doenças citados nos relatórios históricos do SPI, no início do século 20, estão doenças como: malária, gripe e tuberculose nos adultos e, principalmente, verminoses entre as crianças. Contribuição Aguiar destaca a relevância do apoio em pesquisas de cunho histórico. “A contribuição da Fapeam é de suma importância para a abrangência do conhecimento da disciplina e da própria história da região amazônica. Incentivando assim, um interesse maior na área de iniciação científica aos acadêmicos de ciências humanas”, frisou. Para o orientador da pesquisa, doutorem história Hideraldo LimaCosta, o estudo tem grande relevância para o cenário histórico da região, não apenas para os estudantes, mas principalmente para a população interessada em obter mais conhecimento sobre o assunto pesquisado. “Através da obtenção dos resultados da pesquisa, não é apenas a aluna responsável pelo estudo, a qual demonstrou excelente postura como pesquisadora, que sai ganhando, mas toda a sociedade acadêmica que tem um grande incentivador ao acesso ao conhecimento científico, que é o Conic”.