sexta-feira, 24 de maio de 2013

ABUSO SEXUAL DE INDÍGENAS EM SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA NOVE PESSOAS SÃO PRESAS

Uma operação para combater o abuso e exploração sexual de adolescentes indígenas das etnias Baré e Tukano foi deflagrada na manhã desta quarta-feira no município de São Gabriel da Cachoeira, a 852 km de Manaus. Para a Polícia Federal (PF) que atuou nas prisões de nove pessoas, as investigações apontaram que a principal motivação das garotas era a miséria enfrentada pela família que se instalava no município, conhecido por ter quase 80% dos habitantes indígenas. Após oito meses de investigações, 16 garotas foram ouvidas pelo delegado Fábio Pessoa, da PF, responsável pelas investigações. Sete homens, sendo eles comerciantes, empresários, funcionários público, um professor e outro ex-vereador, estão presos suspeitos de participarem do esquema tendo relações sexuais com as menores. Segundo Fábio, maioria dos casos as investigações apontaram que as adolescentes indígenas estavam se prostituindo por conta da miséria que há na cidade. De acordo com Pessoa, grande parte das populações indígenas que migram para a cidade vive em situações precárias. “São meninas conscientes do que estão fazendo, mesmo que alguém as ajude a entrar, elas fazem sabendo. No entanto, elas fazem pra não passar fome ou necessidade”. Duas mulheres foram presas suspeitas de inserirem as indígenas no mercado da prostituição. Elas eram induzidas a se prostituírem por dinheiro, comida e até por guloseimas, de acordo com Pessoa. “Elas contam que recebiam bombons, frutas, coisas poucas para fazerem programas. As quantias em dinheiro variavam conforme a idade delas”, contou. Nos relatos, a maioria das meninas apontou as duas mulheres como quem fazia as levava até os homens. O esquema de prostituição no município, que faz fronteira com a Colômbia, funcionava também pela “boca-a-boca”, conforme classificou Pessoa. Segundo ele, após serem apresentadas pelas mulheres, as garotas indicavam as amiga “aos melhores pagadores” e isso acabou dando maiores proporções à situação. Nos depoimentos, foram apontadas três meninas indígenas alegaram que tiveram filhos com os suspeitos. A PF vai ouvir outras pessoas para tentar comprovar as paternidades dos suspeitos. As jovens chegavam a acreditar que os homens, em sua maioria bem sucedida na cidade, eram namorados. “Ouvi uma moça e cheguei a conclusão que o relacionamento dela com o suspeito já chegou ao sentimental por conta do filho que ela diz ser de um deles”, relatou Pessoa. Na operação de hoje, dez mandados de prisão foram expedidos, sendo seis de prisão temporárias e quatro preventivas. Apenas um mandado de prisão preventiva não foi cumprido por conta da ausência de um dos suspeitos. Nos depoimentos, segundo Pessoa, também foi possível constatar que para o grupo a idade das meninas era o que mais importava, já que eles preferiam as garotas mais jovens entre 11 e 13 anos. “As de 15 e 16 anos eles já consideravam usadas demais e muitas vezes isso refletia no valor que era pago. Uma menina nova e virgem, por exemplo, chegava a custar R$ 400”. As mães das meninas serão investigadas, pois a polícia trabalha com a hipótese de que em alguns casos houve conivência da família. O delegado disse ainda que inicialmente a PF não considera o esquema como uma “rede de prostituição consolidada” e que as investigações devem continuar.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

ONG INDÍGENA PRESTA APOIO A PORTADORES DE HEPATITES VIRAIS

“A hepatite viral é o grande mal de que o Brasil vai ser acometido daqui a poucos anos. Eu vejo que a hepatite viral é tão ou mais nociva do que a aids, e a sociedade não tem dado importância à discussão”. Segundo o Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Saúde Indígena e o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais desenvolvem ações relacionadas a essas doenças na população indígena desde 2009. O órgão informou que, no ano passado, foram feitas reuniões com representantes da população indígena, profissionais de saúde, coordenações e secretarias de Saúde estaduais e municipais, que resultaram nos planos de ação para os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei). Entre as ações, foram distribuídos cerca de 2 milhões de preservativos e capacitados 270 profissionais para trabalhar na prevenção e realização de testes rápidos. O ministério informou que também foram enviados quase 100 mil testes rápidos para hepatites B e C aos Dsei. O balanço da pasta mostra que, em 2010, foram registrados 98 casos de hepatite A, 64 de hepatite B e oito casos de hepatite C em indígenas em todo o país. Os índios estão entre os grupos de maior vulnerabilidade às hepatites virais e podem ser vacinados gratuitamente contra a hepatite B. O protocolo de criação da ONG será assinado nesta segunda-feira e a Yura-ná já conta com 16 voluntários. Quem puder fazer doações ou quiser participar do trabalho voluntário pode entrar em contato pelo e-mail valedojavari-am@hotmail.com. Todas as informações sobre as doenças, como sintomas, formas de contágio e prevenção, estão disponíveis no site www.hepatitesvirais.com.br, do Ministério da Saúde.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

MANAUS NA MIRA DE TRAFICANTES DE ÓRGÃOS HUMANOS

O adolescente de 15 anos escapou do cárcere na floresta, mas não conseguiu levar os policiais ao local do seu cativeiro. Um adolescente escapou de cárcere e procurou a polícia, alegando que seria vítima de tráfico de órgãos. O caso foi denunciado à 9ª. Companhia Interativa Comunitária (Cicom) na manhã de desta terça-feira (14), pela própria vítima que teria conseguido fugir - acompanhado de outro adolescente - da mira dos sequestradores, após ter abandonado o cativeiro numa mata atrás do Clube do Trabalhador do Amazonas (Sesi), no Coroado, Zona Leste. Um contingente, de pelo menos 20 homens, do Comando de Policiamento Especializado do Batalhão de Choque, da Ronda Ostensiva Candido Mariano (Rocam) e do Comando de Operações Especiais (COE), além de policiais da 4ª. e 9ª. Cicom e do Canil da Polícia Militar realizaram buscas por mais de uma hora para tentar encontrar o local onde, segundo denúncia, havia mais dois jovens presos. O estudante de 15 anos procurou a 9ª. Cicom, por volta do meio-dia de ontem, alegando que teria sido sequestrado e levado a uma casinha construída dentro de uma área de preservação ambiental próximo ao Sesi. Segundo o tenente Paulo Sérgio Cordeiro, o adolescente contou que teria sido pego, por volta das 22h de segunda-feira (13), quando caminhava pela rua A, na comunidade Cidade do Leste, no bairro Castanheira. “Colocaram ele e um amigo dentro de um carro e encapuzaram-nos. Depois ele nos contou que andou no mato por mais de uma hora até chegar em um barraco de compensado, onde já havia dois rapazes presos. Na noite de ontem, eles conseguiram se soltar e fugir”, disse. Apesar da ajuda do jovem na operação, as equipes da polícia não conseguiram encontrar o local em que o estudante teria sido mantido refém. “Procuramos a casa, mas não encontramos, ele também não conhece nada do local. Encontramos um sanitário de compensado que ele identificou ser muito parecido com a que ele havia sido levado. Lá é um local de difícil acesso com igarapés e áreas alagadas”, afirmou. Segundo o tenente, o estudante teria ouvido os dois sequestradores comentando dentro do veículo, que ele teria os órgãos retirados e levados a um hospital, revelando possível comércio de órgãos. “Ele falou que não conhecia os sequestradores, que não é envolvido com droga e não sabia porque estavam fazendo aquilo com ele”, disse. Sem pistas dos autores do sequestro, o tenente informou que as buscas serão restabelecidas mediante outras reclamações.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Em Busca De Nazistas No Brasil

O objetivo da investigação é identificar se algum dos criminosos de guerra se escondeu no País nas últimas décadas. Na busca por guardas dos campos de concentração nazistas que teriam fugido da Alemanha após a derrota de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, promotores de justiça alemães iniciaram um rastreamento entre milhares de nomes de imigrantes daquele país que teriam desembarcado no Brasil após o ano de 1944. O objetivo da investigação é identificar se algum dos criminosos de guerra se escondeu no País nas últimas décadas. Para o promotor que conduz a investigação, Kurt Schrimm, a chance de ainda serem encontrados criminosos de guerra que nas últimas décadas se refugiaram no Brasil é "boa". Ao Estado ele disse que a Justiça da Alemanha tem dado especial atenção ao caso. A ofensiva foi lançada pelo Escritório Central para a Investigação dos Crimes do Nazismo, com sede na cidade de Ludwigsburg. Apuração preliminar levantou suspeita sobre 50 guardas que atuavam nos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, onde 1 milhão de pessoas foram assassinadas entre 1942 e 1945. Todos são acusados pelo crime de assassinato, 70 anos após o massacre. O escritório de Ludwigsburg foi criado pelo governo alemão em 1958 e já conduziu investigações contra 7.485 pessoas. Originalmente, apenas os comandantes dos campos foram presos e julgados. Mas, em 2011, a condenação do guarda John Demjanjuk abriu um precedente. Demjanjuk foi condenado pela morte de 20 mil pessoas durante cinco anos. Seus advogados apelaram e ele morreu em março de 2012. O caso terminou sem um julgamento final, mas bastou para que a Corte de Munique usasse o caso para revelar como o guarda fez "parte de uma máquina de destruição". A suspeita da Justiça alemã é de que muitos desses soldados simplesmente fugiram para outros países e acabaram se integrando nas sociedades locais. Um deles foi Hans Lipschis, que viveu nos EUA por 26 anos até ser deportado de volta para a Alemanha. Há duas semanas, procuradores de Stuttgart decidiram abrir um processo contra ele, ainda que tenha declarado que foi apenas um cozinheiro. No caso do Brasil, as fichas dos imigrantes estão sendo verificadas para ver se batem com os nomes dos nazistas procurados. "Por enquanto não encontramos ninguém, mas estamos no início e estimamos que teremos milhares de fichas de alemães que chegaram ao Brasil nos anos pós-guerra", diz o promotor. O acesso aos dados dos imigrantes foi autorizado pelo Itamaraty e pelo Ministério de Relações Exteriores da Alemanha. Segundo os alemães, as consultas se realizam nos arquivos diplomáticos do Brasil, em dados da Polícia Federal, do Ministério da Justiça e órgãos estaduais que nos anos 1940 e 1950 foram montados para receber imigrantes. "Cada vez que vemos um nome que possa ser parecido a um de nossa lista, temos o direito de pedir ao governo brasileiro a ficha completa sobre aquele cidadão", observou Schrimm.